quarta-feira, 4 de abril de 2012

Transtorno Esquizoafetivo

Muitos de vocês já devem ter ouvido falar em Espectro Bipolar, que são aquelas formas mais brandas do transtorno bipolar, entre elas a ciclotimia e o TAB-SOE.

A ciclotimia, embora classificada como uma doença à parte pelo CID-10, não deixa de ser uma forma mais leve de transtorno bipolar. Já o TAB-SOE são aqueles episódios de depressão, mania, etc., que não atendem a todas as exigências do CID-10 e, por isso, são chamados de inespecificados. Há sintomas, mas não suficientes ou claros o bastante para caracterizar um episódio maníaco, misto, etc.

Pois bem! Do mesmo modo que há o Espectro Bipolar, com suas formas mais brandas do TAB, existe o Espectro Esquizofrênico, do qual faz parte o transtorno esquizoafetivo.

O transtorno esquizoafetivo não é simplesmente a soma da esquizofrenia e do transtorno bipolar, porque, na prática, temos aí algo mais brando que a esquizofrenia. Do contrário, o transtorno esquizoafetivo não estaria dentro do espectro esquizofrênico tal como a ciclotimia está dentro do espectro bipolar...

Grosso modo, essa é a melhor comparação que posso fazer.

No transtorno esquizoafetivo, temos crises como as do transtorno bipolar e, no restante do tempo, podemos perceber sintomas esquizofrênicos.

Talvez agora alguém diga: "Mas na esquizofrenia também há essas crises, às vezes muito semelhantes às do TAB, sem que possamos distingui-las à primeira vista. Como saber se é transtorno esquizoafetivo ou transtorno esquizofrênico? Além do mais, como saber se não é TAB?"

No TAB, entre uma crise e outra, há ou costuma haver períodos de vida normal. Esses períodos não são iguais àqueles que vemos entre uma crise e outra do esquizofrênico. Estabilizado o humor, o bipolar volta a ser o que era, ainda que, entre uma crise e outra, possa haver "resquícios", sintomas leves e flutuantes. Já na esquizofrenia, há os sintomas negativos, que não existem no TAB. Entre uma crise e outra, o esquizofrênico já não volta a ser extamente o que era.

A esquizofrenia afeta algo mais profundo que o humor ou o afeto. Tratá-la não é só uma questão de estabilizar o humor, como no transtorno bipolar...

"Mas OK", talvez você diga agora, "já temos uma ideia da diferença entre transtorno bipolar e esquizofrenia. Mas qual a diferença entre os transtornos bipolar e esquizoafetivo?"

Como eu disse, o transtorno esquizoafetivo está dentro do espectro esquizofrênico; é mais brando, por assim dizer, do que a esquizofrenia. Para termos uma ideia melhor, basta lembrar que pacientes esquizoafetivos costumam obter melhores resultados com o tratamento do que pacientes esquizofrênicos, desde que recebam, obviamente, tratamento adequado para transtorno esquizoafetivo.

Na prática, neste último transtorno, veremos crises ou fases como aquelas que vemos no TAB, mas também veremos, entre uma crise e outra, características que nos lembram a esquizofrenia, sem que chegue a ser um caso clássico de esquizofrenia ou a causar exatamente os mesmos prejuízos na vida social do indivíduo. Comparado com a esquizofrenia, o transtorno esquizoafetivo limita menos a vida social do paciente.

O diagnóstico de transtorno esquizoafetivo poder ser ainda controverso, mas os resultados obtidos com o tratamento adequado já nos dizem algo. Aliás, já nos dizem muito...

Certamente há outras diferenças entre esses três transtornos, mas, por enquanto, fiquemos com essas aí. Já são suficientes para que tenhamos uma noção sobre o assunto. Seja como for, não se surpreenda se, não prática, não for tão claro para os profissionais distinguir os três transtornos. Porque de fato não é. Você já ouviu falar numa coisa chamada diagnóstico errado? De vez em quando eu ouço...

Mas ânimo! Os profissionais da área ainda são as pessoas mais adequadas para enxergar diferenças ente esta e aquela enfermidade parecida... São eles também que costumam dar o diagnóstico correto, é claro! Quem mais poderia ser? Enfim, eles ainda são o que temos de melhor, especialmente para os casos mais complexos.

Procure os profissionais da área desde o início.


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