domingo, 14 de agosto de 2011

A Janela

Este post foi originalmente publicado em galego pelo blog O Escunchador, da Rifenha de Vimianço. Se preferir ler este texto na íntegra e em galego, clique aqui.


A Rifenha é uma bipolar tipo II.


 

Tanto tempo sem sair faz com que as minhas referências da realidade sejam duas janelas: Esta virtual, por onde fico olhando aquelas coisas que me são úteis, e a janela do meu quartinho, por onde vejo uma paisagem que é, hoje, o único mundo que tenho.


Até penso em pedir a Suso que me compre uma luneta ou uns binóculos, como aqueles de James Stewart no filme de Hitchcock, não para ver algum assassino humano, mas para ver o casal de garças que voa a cada tarde sobre as árvores da margem do rio, ou o gavião que pousa encima do poste de cimento da fazenda de minhã irmã, todas as tardes também.


Sempre tento olhá-lo mais de perto e tirar-lhe uma foto, mas, quando assomo à porta, ele se põe a voar e escapa para outro poste mais distante. Qualquer movimento que eu faça, por pequeno que seja, ele sempre o detecta. Devem ser seus olhos, que não precisam de aparelhos para ver o que têm de ver.


Quando chega a noite, vejo ao longe o letreiro cor-de-rosa que fica psicando lá, acima da Churrascaria Santos, como se fosse a luz de um farol no meio de um mar à noite. E mais nada. Esse é todo o universo material que tenho desde alguns meses. No horizonte, sempre as colinas. Vimianço é um vale circular, redondo e fechado como um umbigo.



PS - Desta vez não fiz cortes. Não tive coragem de fazê-los. Este é um dos textos mais melancólicos, para não dizer tocantes, que já vi produzidos por um bipolar.


Será que algum dia a Rifenha virá aqui, no Mastigando Estrelas? Ela já não posta em seu blog desde 2010... O que terá acontecido com ela? Terá se cansado do blog? Pode ser. Dentre todas as possibilidades, tanto boas como más, pode ser...


Imaginemos a Rifenha ocupada com coisas alegres.



 
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